ENSEADA DE BOTAFOGO

ENSEADA DE BOTAFOGO
"Andar pelo Rio, seja com chuva ou sol abrasador, é sempre um prazer. Observar os recantos quase que escondidos é uma experiência indescritível, principalmente se tratando de uma grande cidade. Conheço várias do Brasil, mas nenhuma tem tanta beleza e tantos segredos a se revelarem a cada esquina com tanta história pra contar através da poesia das ruas!" (Charles Stone)

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA

VISTA DO TERRAÇO ITÁLIA
São Paulo, até 1910 era uma província tocada a burros. Os barões do café tinham seus casarões e o resto era pouco mais que uma grande vila. Em pouco mais de 100 anos passou a ser a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. É pouco tempo. O século XX, para São Paulo, foi o mais veloz e o mais audaz.” (Jane Darckê Avelar)

30.6.13

O CHALAÇA E O PALACETE LAGUNA

TEXTO DE ANDRÉ LUIS MANSUR REPRODUZIDO DO LIVRO FRAGMENTOS DO RIO ANTIGO COM AUTORIZAÇÃO DO AUTOR.
FOTOS DO EDITOR DO BLOG.


O livro Fragmentos do Rio Antigo pode ser comprado nas livrarias Folha Seca, Leonardo da Vinci e Galaxya, todas no Centro do Rio, ou encomendado à Livraria Edital.

Sem dúvida um dos personagens mais intrigantes do início do império brasileiro foi Francisco Gomes da Silva. Mas não foi pelo seu nome de batismo que ele entraria para a História do Brasil e sim por seu apelido, que significa, entre outras coisas, “gracejo de mau gosto, insolente, pilhéria, troça e zombaria”.
         Pois o Chalaça, português que veio para o Brasil junto com a Corte de D. João VI, era isso mesmo, um homem de muitos gracejos, piadas grosseiras, brincadeiras e farras, principalmente as farras, com as quais fazia companhia a D. Pedro I, o primeiro imperador brasileiro, que adorava a noite, a bebida, a música e as mulheres, enfim, um autêntico boêmio.
        

Mas o Chalaça não foi apenas um brincalhão. Foi um grande articulador político, pena que no terreno dos conchavos e das intrigas, principalmente junto à famosa amante de Pedro I, Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, intrigas estas que culminaram no afastamento do ministro José Bonifácio de Andrada e Silva do governo e atingiriam a própria imperatriz Leopoldina, isolada cada vez mais no seu palácio. O Chalaça ganharia sempre cargos de importância na Corte, obtendo títulos honoríficos e grande fortuna, e morreria em Lisboa em 1852 depois de ter escrito três livros e sempre estando perto do poder.
           

A casa onde o Chalaça morou, na atual rua General Canabarro, no Maracanã, bairro da zona norte do Rio, é hoje o Espaço Cultural Laguna, mesmo nome do palacete e homenagem à Retirada da Laguna, importante acontecimento da guerra do Paraguai. A casa, que ficava bem perto do Palácio da Quinta da Boa Vista, residência de d. Pedro I, tem 17 aposentos e está numa área de 3.600 metros quadrados. A residência abriga um túnel que, segundo reza a lenda, seria o local de fuga do imperador para seus encontros amorosos. Nem é preciso dizer que o palácio era o local preferido do Chalaça para suas intrigas de poder. Mais tarde, ali seriam realizadas reuniões importantes do Clube da Maioridade, que lutou e conseguiu antecipar a subida ao poder de Pedro II em 1840, com apenas 14 anos.


Após a proclamação da República, em 1889, o Exército ocupou a antiga casa do Chalaça, que abrigou ali várias organizações militares, até mesmo por causa do amplo espaço não só da casa como do terreno. Em 1944, foi restaurado pelo ministro da Guerra de Getúlio Vargas e futuro presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, passando a ser a residência oficial dos ministros do Exército, sendo o próprio Dutra o seu primeiro morador. Hoje o local [Rua General Canabarro 731 - Maracanã] abriga uma biblioteca e está sempre sendo utilizado para eventos culturais [aberto ao público de segunda a quinta das 10h ao meio-dia e das 13h30m às 16h30m, e às sextas, das 10h ao meio-dia].

6 comentários:

Ronaldo Câmara disse...
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Ronaldo Câmara disse...

Olá, Ivo, preste só atenção neste trecho do texto: "... A casa, que ficava bem perto do Palácio da Quinta da Boa Vista, residência de d. Pedro I, tem 17 aposentados e está numa área de 3.600 metros quadrados....".
17 aposentados ... ficou hilário ! De repente, o palacete virou um asilo ou um pensionato de idosos. Mas, foi bom para descontrair ! Um abraço, Ronaldo R. A. Câmara

Ivo Korytowski disse...

Oi Ronaldo, obrigado por apontar o erro! Já corrigi!!!

Rejane disse...

Caro Ivo:
Mais uma vez vc me surpreendeu!!! Suas fotos estão lindas e bem casadas com textos do livro Fragmentos do Rio. PARABÉNS!!!
Rejane (enviado por e-mail)

Charles Lewis Stone disse...

Caramba, acho que já passei por lá, mas não me lembro bem.

Unknown disse...

Em 1985, tirava guarda nas duas casas que tinham que eram moradias do Ministro do Exército e a outra do General do Comando Leste. Fui fuzileiro blindado do 24º Batalhão de Infantaria Blindada (BIB) e na época o sargento caseiro mostrou o túnel fechado com grade e explicou que o Pedro I tinha um escravo instruído em ler, que quando ele ia para a sala de leitura, esse escravo tinha a incumbência de ler em voz alta para ele, e que não poderia o Imperador ser interrompido, e o mesmo saindo por uma passagem secreta, sairia neste túnel, com o chalaça a esperar com cavalo e rumava para a casa de Domitila (não havia linha de trem na época). Como até hoje, todo poderoso tem amante, todos eles. Até o Lula... engraçado, achava que a amante dele era a cachaça, mas já apareceu uma mulher que vai estalar a língua sobre a vida dele.